terça-feira, 27 de julho de 2010

Lamento.


Algum lugar, 27 de julho de 2010

A quem mandar?

Fico feliz em saber a data de hoje, porque nem isso me importa mais.
O que me importa?
Os meus pensamentos cotidianos não precisam de cartas para entender-me. As minhas letras entendem-me por si só. Às minhas felicidades já disse adeus.
O que me resta?
Mais uma carta na pilha das não enviadas; mais um lamento cansado e vago, afinal, agora não precisa-se mais de regalias: uma carta sem destinatário, cujo remetente mal se conhece.
O que será de mim? Cuja vida se resume em frases não lidas?
O que deixo?
Às lembranças uma angustia?
Às saudades uma lágrima?
Ao amor um desprezo?
E à esperança? O que deixar a ela se ela nunca me deixou? Mais um mero lamento?
As palavras perdem-se no ar e nem eu as encontro mais. A monotonia é tão grande que até meu tédio torna-se uma distração.
Mas, chega de reclamações!
Há uma saída, sempre há! E aqui encontro-me no meu maior refúgio: a escrita.
Nela encontro meu destinatário, nessas letras vejo um futuro diferente e à ela entrego meu lamento, porque só ela me consola e, em sua solidão, é suficiente.

Profundamente agradecida,

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Repreensão.


Falta ar. Falta. Ele falta, o pulmão pulsa em busca de ar. Ar que falta. Falta... ar.
Não há fôlego para mudar. Não há. Não há ar. Não há.
O pensamento não flui. Não flui, não flui ar. Não há inspiração sem ar. Ar. Sem ar.
Respirar, o pulmão pulsa, mas não há ar, não há.
Não se grita, não se mexe, não se fala, só se pensa.
Se pensa na falta de ar. Falta ar. Ar.