sexta-feira, 30 de abril de 2010

Bons e velhos tempos.



Não andava na chuva não! Porque a mamãe me via molhada e ficava brava, então eu pedia para a minha avó fazer bolinhos de banana para mim. Chegava à noite em casa e queria fazer lição de casa e ficava orgulhosa quando a prô falava que eu estava adiantada para a minha turma. Ahh, eu acorda cedo para ver desenhos animados, fazia uma bolsa qualquer de mala e ia acampar no quintal. Sem contar quando fazia amigo secreto com meus bichos de pelúcia, mas eram tantos que eu esquecia o nome de cada um quando abria os papeis. Colocava roupa de ballet e passava o dia dançando o CD da Eliana. Chorei quando tirei uma nota baixa, chorei quando tive que doar alguns brinquedos, fiquei emburrada quando minha mãe me vestiu de roupa que eu não gostava. Chorei para pentear o cabelo, coloquei dente debaixo do travesseiro, quis colocar band-aid colorido no meu pai, pensei que ele fosse voltar. Quebrei maquiagens da minha mãe, fiz escova no cabelo para ir à festa de oito anos, colecionei figurinhas da Disney, tive vergonha de pedir para minha mãe comprar um sutiã. Queria ser uma menina grande, queria comprar minhas próprias roupas, queria saber tocar o teclado de casa, queria ter “letras” nas contas de matemática, queria conseguir levantar a cabeça sozinha nos momentos difíceis, queria ter um namorado, queria entender o que os jornais falavam, queria ter simulados, queria ler livros grandes.
Mas aí eu cresci e tudo o que eu queria virou rotina e a minha rotina virou tudo o que eu queria.

Nostalgia? Constante.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Princesa desencantada.




A menina estava andando na rua de manhã. Eram férias de verão, eram 5 da manhã e ela colocou um vestido branco. Talvez ela quisesse ser um daqueles personagens perfeitos como aqueles dos livros que lia, ou então só queria ficar sozinha.
Mas o fato é que estava lá: abaixo do sol fraco da manhã, andando e sentindo o vento bater no seu cabelo.
Ela foi até a praça e sentou na grama, enquanto desembaraçava as pontas do seu cabelo e olhava o lago.
Parecia um filme... uma fotografia, e ela sabia disso.
E ela... pensava na vida, na beleza de alguns momentos. Pensava em quantas pessoas ela já julgou perfeita e acabou se decepcionando, em quantos momentos chorou quando não era para se chorar.
Mas agora ela parecia uma princesa. Uma princesinha intocável. Estava com a roupa perfeita, num lugar perfeito, num momento perfeito, com o sorriso perfeito.
Era uma princesa desencantada, pensando no seu conto de fadas, mas que não tem um final feliz.