segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sociedade.


Eu vejo as pessoas passarem. Vejo como elas andam e agem, vejo como elas se preocupam. Vejo gente como passatempo. Vejo gente sorrir e se apressar, tem gente que olha para mim e gente que não vê ninguém.
Mas quanto mais eu vejo, menos eu enxergo. Eu mergulho em pensamentos. E generalizo. Vejo apenas uma gente. Vejo todos como uma sociedade e penso como todos sendo iguais. Culpo essa gente pelos meus problemas, culpo essa gente por coisas boas e ruins. Mas depois volto a enxergar e vejo pessoas.
E elas me olham como mais uma, como membro de uma sociedade.
Então eu vejo o que realmente sou: parte do que eu culpo! Meus problemas não existem por eu ser diferente, mas por eu saber o que é ser diferente e não ser capacitada para realmente o ser.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ilusões.


As coisas deixam de ser reais quando analisamo-as ao fundo e, então, nos sentimos uma caça lutando pela sobrevivência enquanto cães raivosos trazem a dor da realidade em suas mordidas.
Anestesia-me as palavras Românticas, mas quando deixam de ser suficientes, a procura da perfeição torna-se insuportável.
Os finais felizes estão cada vez mais longe e as falsas ilusões causadoras da adoração de finais trágicos são cada vez mais nítidas... eles pareciam tão gloriosos! As gostas de veneno de Romeu entusiasmavam-me enquanto seu corpo desvanecia, o sangue de Julieta resplandecia ao escorrer do punhal e a taverna oscilava ao ouvir os lamentos de Solfieri. Agora, os tiros de Werther rondam meus pesadelos.
A realidade empurra o platonismo de volta ao breu quando sou apoderada pelos meus devaneios e, ao abrir os olhos, sinto-me perdida sem ter sonhos e falsas esperanças para me apoiar.
Falta ar! O desespero desenfreado que percorre o meu corpo mistura-se com a angustia pela felicidade, formando um sentimento tamanho que destroí minha firmeza e desgasta minhas forças. Num frenesi, caio ajoelhada, aceitando minha derrota. Perante a imagem do real, imploro, pela minha sanidade, um pouco das minhas ilusões.
E a realidade sorri. Maliciosamente sorri. Sua calma mata minha alma frenética enquanto seus olhos berram, num silêncio desconcertante, a mais dura das verdades. Desmorono no chão frio com ela se arrastando pelas minhas artérias, obrigando-me a senti-la.
Encara-me. Falta sentido em minha fala. Grito 'minhas ilusões'. Ela sussurra 'saia desta primeiro'.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tarde de Inverno.



"Duvida que do céu a abóbada azulada
Tenha esferas de luz de um mágico esplendor,
Duvida que seja o sol o facho da alvorada,
Duvida da verdade em tua alma gravada (...) "


Do chocolate quente sai fumacinha e dá vontade de ficar segurando a caneca para esquentar a mão.

Ele passou o braço sobre o ombro dela e encostou a testa em sua cabeça. Ela parecia tão pequenina! E ela sorriu e levou a caneca até a boca e ele sentiu a fumacinha esquentando seu rosto.Ventou. Ela se arrepiou e ele a apertou nos seus braços e por causa disso ela se arrepiou mais ainda. Ele ficou preocupado, mas ela fez cara de 'dona da situação' e disse para ele não se preocupar.
O chocolate acabou. Ela colocou a caneca na mesinha e se aconchegou nos braços dele: "Não encontro muitos meninos quentinhos que cheiram Armani". Ele fingiu uma cara de surpresa: "Isso é muito imprevisível vindo de uma menina que cheira Calvin Klein". Ela segurou a mão dele, mas os dedos dele estavam gelados: "Que decepção! Agora não posso esquentar minha mão". "Encontra um menino de mão quentes e dá um perfume da Armani para ele. Não é o suficiente?", perguntou ele fingindo um ciúmes bobo. "Não", disse ela firme e extremamente séria. "Por que?", perguntou ele com uma certa insegurança.Ela olhou nos olhos dele: "Porque eu amo você!"
E ele apertou mais ela entre os braços. "É, menininha bonita, parece que estamos juntos nessa!"

Ela sorri da lembrança, termina o chocolate, passa um perfume da Calvin Clein, como fez a tempos atrás, e vai acordar o menino que cheira Armani para mais um dia de trabalho.

" (...) Mas não duvide nunca, oh! Nunca,
D'este amor. "
(Willian Shakespeare)


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Incômodo.


O som incomoda absurdamente. As risadas sarcásticas inspiram a raiva. Não há o que fazer e estar nessa situação de impotência é insuportável.
Não se vê interesse, nem respeito. Só o desejo insano e imbecil de humilhar a fala, a ação, a opinião.
Como animais famintos, atacam as pessoas se alimentando dos erros e defeitos. Se manifestam como um punhado de larvas, sufocando aqueles que querem apenas... viver.
Resistir dói! Uma quantidade insana de pequenas picadas, pequenas dores, fazem com que no fim, você sangrando, não tenha mais força para lutar.
Mas não cederemos. Porque internamente há força. Uma força que aspira liberdade. Força que, em breve, prevalecerá.