quinta-feira, 29 de março de 2012

Às ninfas e aos sátiros.

                                                     Desenho: Vitória Mantovani Twitter  Tumblr

E o mundo surgiu do caos. Os deuses se fixaram no Olimpo, Pandora abriu sua caixa, Homero contou histórias do maravilhoso mundo em que vivia.
E nas florestas, nos vales... as ninfas faziam a natureza da forma mais bela e os sátiros as observavam com aquele amor carnal palpitante. Até que a linda cena do sátiro escondido atrás de um arbusto, observando a linda ninfa se banhar no rio de águas cristalinas, se transforma num amor carnal tão puro, tão intenso, que se torna o auge da idealização daqueles que escutam a história.
Isso me atraiu de uma modo inexplicável. Como poderia algo são carnal e instintivo como um macho atrás de uma fêmea ser contado de modo tão lindo e puro? Como podem o Platonismo e o Naturalismo estar tão lado a lado?
Era tudo tão ideal, tudo tão perfeito. Um perfeito paradoxo, Camões havia se superado na "Ilha dos Amores". Eu, em plena adolescência, no auge dos paradoxos internos, havia visto uma extrema perfeição num deles. E a realidade mudou completamente: por um momento, vi  um mundo repleto de ninfas e sátiros e, por um momento, quis descrever esse mundo.
Representar as pequenas ações do cotidiano como algo grande, as frustrações como algo poético, as reflexões do modo mais intenso possível, os instintos de modo platônico e o amor puro de modo instintivo. Parei de dividir o mundo em belo e feio. Porque no fim das contas, algumas desilusões eram tão bonitas e algumas vitórias tão feias.
Comecei a idealizar aquelas atitudes que julgava animalescas e a animalizar algumas idealizações. E no fim... minha razão se misturou ao sentimento e o paradoxo começou a cada vez mais fazer parte de quem eu sou.

Eis aqui uma explicação do que o "Sobre ninfas e sátiros" significa. Ou talvez, tudo isso só tenha sido mais um    desses delírios que me atacam por aí.